terça-feira, 18 de março de 2008

Comentário: "Por uma Arquitetura virtual: uma crítica das tecnologias digitais", de Ana Paula Baltazar do Santos

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O texto "Por uma Arquitetura virtual: uma crítica das tecnologias digitais", de Ana Paula Baltazar dos Santos expõe inicialmente a idéia de que o computador permite a exploração de muitas possibilidades na arquitetura, mas é utilizado apenas de maneira restrita. Para aprofundar nesse assunto, a autora apresenta o conceito de "virtual" diferentemente do que a maioria das pessoas está acostumada a compreender, que é o apresentado pela terminologia computacional. Nesta última, o entendimento de virtual se limita à reprodução de aspectos do mundo físico por equipamentos digitais, como o computador.
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Na concepção exposta por Baltazar, o virtual está inserido no contexto de "evento", e corresponde ao campo das potencialidades. Na construção da realidade de tudo o que existe, há também a "substância", que está relacionada diretamente ao objeto, à constituição física. Grande parte dos projetos arquitetônicos da atualidade realmente se enquadra na categoria de "substância" e, portanto, sob essa perspectiva, não poderia ser considerada virtual, apesar de ser desenvolvida por meio de softwares (como o AutoCad, o SketchUp, o 3D Max) no computador. Os desenhos arquitetônicos digitais e as maquetes eletrônicas geralmente não ultrapassam a esfera da representação técnica de espaços com usos pré-determinados, que limitam muito o surgimento de novas formas de utilização.
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Uma arquitetura verdadeiramente virtual, portanto, seria aquela que só estaria completa com a participação dos usuários e que se adequasse ao usos que fossem propostos por quem a usufruísse, e não o contrário. O Fresh Water Pavillion foi um exemplo interessante de arquitetura virtual utilizado pela autora, pois a construção só fica de fato completa com a ação dos visitantes, que podem interagir com luz, sons e projeções, que levam à modificação visual temporária do ambiente.
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Devido às exigências da vida moderna (como a realização de muitas tarefas em curto prazo), as pessoas necessitam de espaços "transfuncionais", que permitam ser modificados rapidamente e de forma quase natural, de acordo com as necessidades que tiverem. Os arquitetos da atualidade devem buscar, certamente, projetar de forma virtual, e não apenas digital, acompanhando os avanços tecnológicos e de relacionamento da sociedade atual.
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Fresh Water Pavillion, do escritório NOX

Um comentário:

Bianca Ribeiro disse...

Aleli, muito obrigada pelo elogio!
Acabo de ler seu texto e o achei muito bem escrito também. O interessante é como cada um dá atenção a uma parte do texto, né?
Isso do Fresh Water Pavilion havia passado despercebido para mim.
Acho que essa idéia de blog será até legal à medida que começarmos a discutir os trabalhos e comentá-los. Creio que cada um de nós tem algo a acrescentar para o outro e isso será enriquecedor.
Ótimo recesso para você!
Beijo, Bianca.